Toda vez que você estiver sob pressão, a chance de se arrepender do que vai fazer é grande. Quando a cobrança se mistura com o estresse e a alta expectativa, todo cuidado é pouco.
Completo 20 anos de formado em 2021, e com certeza tive alguns contratempos no meio do caminho, mas as oportunidades de aprendizado foram muito maiores. Nesse tempo, pude visitar 30 países, aprendi e aprimorei 3 outros idiomas além do nativo e atuei em diferentes funções em 18 projetos de geração de energia renovável, que somam 23 mil MW de potência instalada em diversos países do mundo.
No entanto, é impossível fechar os olhos e não pensar nos erros que cometi. O maior deles, talvez, tenha sido quando era gerente de projetos de uma empresa. Estava trabalhando em um consórcio de empresas, em parceria com outro gerente de projetos — que possuía um estilo de gestão mais voltada ao conflito.
O momento da minha carreira era de possibilidade de crescimento, primeiro grande time de projetos internacional e queria muito fazer um excelente trabalho com entrega no prazo, custo e na qualidade. O projeto era uma hidrelétrica fora do país. Só que o outro gerente de projetos também tinha esse ímpeto e gana de fazer o negócio acontecer e maximizar os ganhos de sua empresa. E começamos a entrar em um embate, caminhando para uma guerra de claims e disputas constantes — uma competição desnecessária.
Ele jogava uma pedra, eu tacava duas de volta. E foi assim durante todo o projeto. No final, o projeto foi entregue e deu tudo certo. No entanto, a partir do momento que liderei o meu time não só para realizar o projeto, mas também para o enfrentamento, todos se desgastaram mais do que o necessário. Faltou inteligência emocional para frear a provocação. O papel do líder é criar um ambiente positivo e propício para o crescimento profissional durante a longa jornada do projeto.
Ressignificar os erros pode ser, na maioria das vezes, um atalho para o crescimento. Não se engane: é claro que errar pode ser amargo…Mas a questão não é se você vai errar (porque você vai), é como irá reagir àquilo. Julio Verne já disse: apenas quando você sofre, você pode realmente entender.
Se chego com 20 anos de carreira realizado, é por causa dos erros que cometi e arrependimentos que tenho até hoje. Só com eles as conquistas foram possíveis. Um exemplo de momento de conquista para mim nessas duas décadas, foi o desenvolvimento de um projeto de 1.8 Gigawatts de potência instalada no Brasil.
Orgulho-me porque consegui compilar todo o conhecimento de gestão de projeto em um momento, trazendo pontos de melhoria depois de trabalhos no passado — graças às escolhas, acertos e também aos erros, veja só. Meu maior mérito, neste caso, foi montar um dream team. A regra número um da gestão de projetos é ter ao seu lado pessoas extremamente capazes.
Depois, destaco o planejamento: a partir do momento em que é possível gerir o tempo e o escopo de forma detalhada e clara para todos, você mitiga riscos. Isso é: te dá tempo para lidar com qualquer imprevisto que possa acontecer. Te dá musculatura para ir para a guerra e pensar em riscos e oportunidades — e não pensar nas falhas que ficaram para trás.
E vou te dizer: os imprevistos desses projetos poderiam ser pesados. Literalmente. Precisávamos transportar uma peça de 300 toneladas, com 10 metros de comprimento por 5 ou 6 de altura. Foi do interior de São Paulo para Santos, saiu do navio, foi para um barco, entrou pelo Uruguai, subiu pelo Rio Paraná até o Centro-Oeste do Brasil, em Cáceres e subiu até o Norte do país. Superamos desafios alfandegários, burocracias na área da logística e chegou até o outro lado do Brasil.
Essa conquista é uma das várias que tive. No entanto, o que mais levo dessas duas décadas não são as conquistas e sim o aprendizado. Hoje eu tenho conhecimento sólido em 3 pilares fundamentais de uma organização — vendas, projetos e operações. Normalmente as pessoas ficam em uma delas, mas tive a oportunidade de me especializar nas três. Isso não durou um ou 5 anos — demorou. Saber hoje o ciclo de vida inteiro de um projeto e como liderar as pessoas nessas áreas é algo que me traz um orgulho imenso.
O meu sentimento é de propagar isso para o futuro dos projetos na área de energia. Meu foco é trazer conhecimento para a área de transição energética. Como continuar aplicando todo esse conhecimento em projetos de energias renováveis, como a eólica, solar, biomassa?
Além de propagar esse aprendizado com foco nas fontes renováveis de energia, também quero propagar, por meio de textos aqui no Linkedin, um pouco do que vivi, observei por meio das oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional que tive no setor elétrico em grandes empresas.
Vou compartilhar erros, acertos e histórias de como, desde 1999, quando me apliquei para uma vaga de estágio na ABB na área de serviços em subestações, até a atual posição de líder de vendas e desenvolvimento de novos projetos renováveis.
Até chegar aqui, tive transições de carreira importantes para minha ampla formação, iniciando como engenheiro de projetos e atuando no comissionamento de usinas, passando para gerente de projetos e mais tarde diretor de portfólio de projetos — quando assumi um dos maiores desafios da minha carreira que foi aplicar um turnaround em um dos negócios da empresa.
E você? Do que se orgulha ou se arrepende na sua trajetória profissional?